Série Contos e Relatos - Novo Emprego
Minha
primeira noite em meu serviço. Meu patrão me dá todas as
informações necessárias para atender aos requisitos de minha
função: sou vigia noturno. Essa é a região mais perigosa de minha
cidade; como estou sem trabalho, resolvi aceitar o novo emprego.
Fui
bem recebido por ele — um senhor gentil e educado. Deu-me permissão
para ver TV enquanto monitorava as câmeras dos apartamentos.
Sou
responsável por nove câmeras internas. Uma delas, segundo o meu
patrão, pode fazer barulhos estranhos ou mostrar imagens
distorcidas. Essas foram as únicas informações que recebi dele.
São
2:12 na madrugada, começarei a minha ronda noturna caso algum
morador precise de algo. Quando passo próximo a um apartamento,
começo a escutar barulhos e choro de uma criança; precisamente, os
sons vêm do quarto número 3. Tento chegar mais próximo do
apartamento e encosto meu ouvido próximo à porta. Nesse instante,
tudo fica em um completo silêncio.
Deixo
para lá, retornando para minha sala de monitoramento. Acabei pegando
no sono, mas logo sou acordado por barulhos que vão se
intensificando cada vez mais. O som vem da câmera 6, que fica
apontada para o apartamento número 3 onde, há pouco, tinha escutado
barulhos estranhos.
A
porta do apartamento número 3 começa a se abrir e de lá sai uma
criança. Ela parece estar assustada e olha em várias direções.
Acho que precisa de ajuda... de repente, surge uma mulher agarrando a
garota pela camisa. A criança cai no chão pela força que a mulher
coloca nela.
Mais
uma vez a mulher aparece. Ela se encontra com uma faca em mãos e,
sem piedade, dá várias facadas na menina. Não paro de tremer vendo
aquilo.
Ligo
para a polícia, fazendo-a chegar rapidamente. Porém, os policiais
começam a rir de mim. Gaguejando, tento explicar o que aconteceu,
apontando para a porta número 3. Então eles abrem a porta e
surpreendo-me ao ver que no quarto não havia nada, como se não
morasse ninguém lá.
Sou
informado de que, há alguns anos, uma mulher teve um surto
psicótico, matando sua filha e cometendo suicídio no quarto número
3.
Segundo
os policiais, é comum receberem queixa dos novos vigias noturnos,
que veem a falecida repetindo seu crime bárbaro.
Depois
dessa noite, nunca mais voltei para o meu serviço de vigia noturno.
Autor:
Bruno Rogério Barbosa De Andrade
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